Em artigos anteriores eu disse que havia quatro pilares que sustentavam
a minha readaptação como deficiente visual. Aliás, no decorrer do meu caminho
diante da cegueira progressiva, nesta chamada “baixa visão” tão complicada de
explicar, deparei-me também com este “Por quê?” que nos faz perplexos diante de
uma limitação na nossa vida diária.
Ainda mais se temos uma fé religiosa, este “por quê” grita, e vai à procura de Deus para encontrar uma resposta a esta questão, que no início, parece não
ter realmente qualquer resposta que nos possa consolar.
Eu sempre fui e sou uma crente em Deus. Desde muito criança,
sempre tive este grande desejo de desenvolver o meu lado espiritual,
encontrando na fé cristã católica, o meu espaço religioso.
Durante muitos momentos na minha vida deparei-me com situações
que pareciam não ter qualquer resposta humanamente justa, mas que ao colocá-las
diante de Deus, na fé, encontrei respostas.
Quando estamos neste limite entre crer e não crer,
precisamos mesmo descobrir o que exatamente cremos.
Sim, porque termos fé em Deus, mesmo que fora de um ambiente
religioso, depara-nos com esta interrogação: Por quê, comigo, meu Deus?
Esta pergunta é a pergunta de todo o crente que confronta
Deus diante de algo que não compreende.
Esta pergunta não tem nada a haver com falta de fé em Deus.
Antes, esta pergunta faz-nos ter ainda mais fé em Deus.
Diante de uma dificuldade, o que geralmente fazemos é ir ao
encontro do nosso melhor amigo e perguntar-lhe: - Porquê aconteceu isto comigo?
- Porquê aconteceu isto comigo?
É uma pergunta transformadora e digo isto de experiência
própria.
É preciso que tenhamos esta coragem de perguntarmos a Deus,
e colocarmo-nos, assim nos seus braços, como que nos braços de um verdadeiro amigo,
quando se passa uma grande adversidade.
Quando temos fé em Deus, Este Deus é o nosso melhor amigo.
E por isso, a fé faz-nos perguntar a este nosso Melhor
Amigo, o que nos indaga interiormente.
E assim, quando me deparei com a baixa visão, em que muitos
dos meus projetos estavam a cair das minhas mãos por causa das minhas
limitações, eis que fui até Deus e assim coloquei-me nas mãos Dele.
Há quem diga que Deus não responde às nossas perguntas ou
talvez, o que realmente acontece é que não sabemos ouvir e nem queremos ouvir
as Suas respostas.
Nem sempre as respostas de Deus são fáceis de ouvir.
Eu tenho um costume de ir à igreja e estar lá, mesmo que não
esteja lá ninguém, especialmente quando estou a passar por momentos difíceis. Acreditem
que já tive imensas surpresas espirituais nestes momentos de reflexão em que no
silêncio e no vazio de mim mesma, desejo escutar o que Deus tem a me dizer.
Este falar de Deus connosco, pode-se revelar no momento, ou então no decorrer
do que se vive, pois Deus pode-nos falar interiormente, ou então por meio de
acontecimentos ou de outras pessoas, por vezes, até por meio de pessoas
desconhecidas.
Por isso, este silêncio com Deus também é o momento em que se faz silêncio nas queixas, lágrimas e zangas.
Foi num desses momentos que uma espécie de frase foi
partilhada. Já não me lembro muito bem como, mas foi esta frase que me fez novamente
acreditar em mim e nas minhas potencialidades, mesmo passando por uma limitação
que julgava intransponível, a cegueira progressiva.
"A pessoa humana vê a montanha, mas Deus vê para além da montanha!"
Quando ouvi esta frase, não compreendi muito bem o seu significado,
mas acreditem que esta frase tem sido esperança viva na minha vida, ao longo deste
percurso com baixa visão.
Sim, a baixa visão é esta montanha que parece a quem está a perder
a visão, uma montanha enorme, alta demais para ser galgada por nós. Diante da
cegueira progressiva, senti-me pequenina, frágil e quase que sem meios humanos
para lidar com tamanha força devastadora.
Porém, para além desta montanha, há algo. E realmente este
algo que a montanha parece esconder, é um desafio que nos fará crescer, e só Deus para nos
levar a ver isso.
A deficiência visual não é o fim… Ah, ela quer que seja o
fim, quer nos limitar e fazer-nos parar!!!!
É apenas uma montanha! Para além da montanha, e só depois de
atravessarmos esta montanha, e até ouso dizer, que ainda estamos a atravessar a
montanha, e já se vislumbra muito de um mundo novo de nós mesmos, que nunca descobriríamos
se nos detivermos diante desta montanha da limitação visual.
A fé realmente permite-nos ver para além da montanha. Ter fé
é acreditar naquilo que não se vê!
Por isso, a fé foi um destes pilares imprescindíveis na
minha readaptação. Sem esta fé, tal percurso seria como que manco, sem todos os
suportes, pelo menos para mim.
Já dizia o grande cientista Pascal: «com a fé, vejo
mistérios; sem a fé, vejo absurdos»
Sim, diante da perda da visão, parece absurdo pensar-se que é
possível continuarmos, desenvolver potencialidades, e seguir em frente.
Contudo, com a fé, todo este absurdo materializa-se em histórias reais que fui conhecendo neste novo mundo da baixa visão. Pessoas reais que hoje trabalham, realizam os seus projetos de vida e prosseguem, apesar das suas limitações físicas.
Contudo, com a fé, todo este absurdo materializa-se em histórias reais que fui conhecendo neste novo mundo da baixa visão. Pessoas reais que hoje trabalham, realizam os seus projetos de vida e prosseguem, apesar das suas limitações físicas.
Pessoas como a escritora Manuela Silva que tive a oportunidade
de conhecer no Dia Internacional das Bibliotecas que se comemorou no dia 1 de julho
último, na Biblioteca de Gaia. Nesse dia, alguns autores apresentaram os seus
livros, e foi assim que eu apresentei o meu livro “Bia por um Triz”, e a Manuela
Silva apresentou o seu livro “Aprender a ser feliz”.
Como estive em mudança de casa, nos últimos dois meses, apenas na passada semana é que
consegui ler este livro (na versão áudio para pessoas com deficiência visual):
“Aprender a ser feliz” da autora Manuela Silva.
Este livro, por meio de uma história em forma de romance, provoca-nos
com várias questões sobre a tal chamada deficiência e limitações que parecem
montanhas intransponíveis.
“Aprender a ser feliz” provoca-nos porque segundo a autora,
este deve ser o nosso objetivo de vida, e por isso, o livro conta a história de
pessoas que aos olhos do mundo, poderiam estar extremamente limitadas fisicamente,
e no entanto, estas pessoas são as que alavancam as suas vidas, rompendo
preconceitos e tabus, pois existe muito mais para além da montanha da
deficiência.
Para quem quiser adquirir este livro, deixo abaixo os
contactos da autora, pois este livro é uma edição de autor e 10% da venda reverte
em favor da FCD - Fraternidade Cristã dos Doentes Crónicos e/ou Deficientes
Físicos.
Com a leitura deste livro pude contemplar mais uma vez que a
montanha da deficiência é apenas uma montanha, e é preciso que estejamos preparados
pois muito há para além desta montanha.
É preciso ter-se fé!
Para adquirir o livro "Aprender a ser feliz" contacte diretamente a Autora Manuela Silva: Telemóvel - 912 463 884
e-mail: manuelasilva1962@gmail.com
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No Instagram - cantinho da Nela
10% da venda do livro "Aprender a ser feliz" reverte em favor da FCD - Fraternidade Cristã dos Doentes Crónicos e/ou Deficientes Físicos.
Fotos de Rosária Grácio.
A foto da capa do livro "Aprender a ser feliz" foi retirada do bibliografia.bnportugal.pt/
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Para saber mais como a
Bengala Verde me ajudou e ajuda na minha readaptação como deficiente visual,
convido-te a ver estes vídeos: